sábado, 23 de junho de 2012

Enfim bicho.


Enfim bicho.
Espiritualidade e vida,
Por W.Faria

Desde crianças aprendemos que devemos nos diferir dos animais, aprendemos que somos superiores a eles, que raciocinamos e temos o dom de evoluir continuamente. Porém no que está baseada esta análise?
No fato de que podemos nos comunicar com mais clareza ou no fato de termos dominado acidentalmente o fogo? É comum analisarmos uma situação na qual a violência tenha sido predominante e dizermos que os homens se assemelharam aos animais naquele determinado momento, mas analisemos melhor essa afirmação, quando um animal se sente ameaçado por outro do mesmo grupo ele primeiro se impõe de forma teatral, se ergue e brada afim de estabelecer o limite de seu território, como os gorilas fazem, batem no peito indicando que ele é líder daquele bando. Já os cães delimitam seu território pelo cheiro, urinam ao redor do território e pelo cheiro indicam que passaram por ali, logo, quando algum outro cão se aproximar saberá que aquele local pertence a outro animal, respeitará essa delimitação e procurará um novo ambiente para estabelecer seu domínio.
Até mesmo as formigas desenvolvem um trabalho dotado de grande parceria e confiança, afinal cada membro da colônia desempenha um papel crucial para a sobrevivência do grupo. Perdoem-me se estiver enganado quanto esta análise, porém acredito que não há nada de animalesco na maneira de lidar com situações de crise enfrentadas por nós humanos, visto que no reino animal não existe crueldade, tortura ou cárcere privado, não existe abuso infantil nem reféns, não existe tráfico nem milícias. Existem sim os soldados e os governantes que lutam por um bem comum, a proteção da colônia. Já entre nós são raras as ocasiões nas quais os líderes lutam por um bem comum, na maioria das vezes a briga de egos é explícita.
Enquanto o homem resolver suas diferenças levando em consideração o etnocentrismo, a paz se fará cada vez mais distante. É preciso levar em consideração o espaço delimitado pelo outro como seu território, é preciso respeitar o outro como membro da colônia e não como espécie diferente. A paz está dentro de cada de nós e não no outro, querer encontrar no exterior algo interno é no mínimo procurar no lugar errado. Ao compreendermos nós mesmos compreenderemos o outro pois a energia vital de todas as coisas, Deus, está dentro de cada um de nós, logo todos compartilhamos da mesma energia e isso nos faz irmãos. Com isso em mente saberemos que cuidar do outro é cuidar de nós mesmos e dilacerarmo-nos com batalhas por território é mutilar um mesmo corpo, que morre pouco a pouco.
Quando compreendermos isso poderemos lutar pelo bem da colônia e diremos com todo orgulho “Enfim bicho”.

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