terça-feira, 28 de julho de 2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009

FRIO

Um dia frio, não consigo mais ler nenhum livro
o pensamento vaga por aí, apenas sinto e vivo.

Um dia triste, tanta fragilidade insiste
em me tornar refém do teu poder
Um dia ela desiste.

e por aí vai.(...)



terça-feira, 21 de julho de 2009


Companheiro inesperado.
w faria.

Sou o vento que corta a noite,
em pensamentos tórridos,
que rompe o sonho e rasga o sono,
que sonda a morte.

Sou o verbo com seu açoite,
que torna clara a noite lânguida,
que rasga a carne,
que sonda o sangue.

Sou a flor da tua candura,
que rasga o verbo,
que sonda a vida.

Sou a vida,
sou o verbo,
sou a carne,
sou a flor,
sou o sangue,
sou o açoite.

Muito prazer, eu sou o amor.



quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mais uns

Pedantismo natural
w.faria

Enquanto eles vem eu vou,
Enquanto eles consomem eu me dou,
Enquanto eles fotografam, eu faço parte da paisagem,
Enquanto querem complascência, quero cumplicidade,
Enquanto eles desejam, eu caminho,
Enquanto eles pensam, eu faço,
Enquanto eles não sentem, eu amo,
Enquanto eles passam eu passeio,
Enquanto eles crescem, eu me acrescento,
Enquanto eles sofrem eu sorrio...

Na vida existem 2 tipos de pessoas, as que desenham o mapa e as que o percorrem.

Renascer


Devia ter ficado na areia, devia ter sentido a maresia de longe, não devia ter me envolvido coma s ondas daquela maneira, era como se o mar estivesse zangado, regurgitando e engolindo novamente suas águas. Mas não estava só e isso me bastou, ele olhava de perto a maré, analisava, pedia permissão para adentrar no reino de fitos e algas, no reino azul esbranquiçado daquele fim de tarde. De repente, num estrondo, sem pensar me pego rumo a água, como se houvesse confundido a maresia com um lençol enrugado estendido de forma desmazelada a cama, me lanço, quebrando a oração perfeita dele a beira d’água. O estrondo do meu corpo na água é tamanho que sinto penetrarem na pele recém resfriada milhares de agulhas, lancinante. A alegria de entrar em contato com outro mundo me causa uma comoção que me tira de sintonia com a realidade, remo ainda que meio desengonçado para algum pedaço calmo de mar, me pego a pensar no medo causado pelo tamanho da maré. Ele entra minutos após de mim e se lança com cuidado sob e sobre a correnteza enquanto eu me remexo como que se dançasse sob a espuma que fica, sem muitas delongas, cada vez mais brancas e maiores rumo a costa.

Um minuto, apenas um minuto foi tempo de sobra pra perceber que eu devia ter ficado na areia. Solavancos e cansaço, pessimismo e mais cansaço, as ondas me castigaram como se perguntassem pra mim onde estava meu respeito, como se tudo que pensava sobre o mar não passava de ilusões de um rapaz do interior com sonhos sobre mar calmo e caravelas. Me peguei com olhos arregalados e pedindo socorro como quem pede, num deserto, desesperadamente um copo d’água, clamando piedade marinha. Ergui os olhos e avistei gaivotas, imaginei meu corpo servindo de jantar num entardecer silencioso, num cobre-avermelhado rodeado por um azul enevoado. Ergui um dos braços, Deus sabe quão difícil foi faze-lo, gritei pra ele, pedi ajuda, um pedido exteriorizado acalmou meu clamor desesperado que devorava meu peito. Estremeci, outra onda massageou-me as costas e em seguida fui tomado por um volume incomensuravelmente grande de água, ajuda, pensei. As pernas já não obedeciam, os braços não me mantinham acenando pelo simples fato de que naquele momento já não tinha mais braços, era apenas um pedaço de mim que precisava de ajuda, sua ajuda, afundava e emergia com destreza, como se quisesse fazer parte do sal, da água e da areia. Para ser sincero já não sentia meu corpo, era apenas um algodão molhado, desespero. Enfim ele chegou, ele sim tinha a permissão dos mares para penetrar no azul, cortar as ondas, sabia o que fazer, nossa diferença de idade não importa absolutamente nada no modo como nos tratamos e naquele momento que sá existiu, obedeci ou ao menos fiz o que pude para dar ouvidos a ele, confesso que a dificuldade se deu pelo fato de ter que desviar de ondas, ter o corpo cansado, o desespero claro de que os esforços não iriam acabar na areia, cheguei a dizer que Não vou conseguir. Dez minutos aproximadamente, aproximava a mente de algum lugar sólido mas os pés estavam à deriva, a única coisa que possuía lúcida perto de mim era ele, com a calma de avó ao ninar um neto, com a calma de um neto ao dormir no berço aquecido. Cada segundo uma temporada rumo a praia. Ao tentar, num doloroso instante, flutuar sobre a imensidão que me carregava, perco o rumo e me vejo voltando para o horizonte azul do qual fugia, fui arrastado por ele, que por sua vez possuía mais forca de vontade e fé do que forca e fôlego, alias era o único que possuía algum fôlego para qualquer coisa. Ao pressentir uma onda sinto um empurrão contra meu ombro, rumo a costa mas ainda estou muito longe de colocar os pés na areia, ele, em pe do meu lado diz que sente a terra sob os pés e eu que nem pés sinto prendo o choro e tento focar o horizonte, outro empurrão e mais uma onda quebra em minhas costas, enfim, e graças a Deus, o mar me cospe com raiva para a praia e acerto o chão com meus pés, caminho feito soldado para longe do mar, olho para o chão e a água volta rapidamente, percebo que mais dois minutos podem ser cruciais entre minha chegada a praia e minha volta para o oceano. Peco ajuda a uma pessoa, em vão, outra, em vão, não adiantava, era como se Deus dissesse em toda sua meninice “Hoje você vai aprender algo e só ele vai poder ajudar”. Chego a areia e sinto meu peito bater no mesmo ritmo das ondas que queriam me devorar, engolindo meu corpo sem mastigar. Olho para cima e as gaivotas não estão mais lá, acredito que tenha fantasiado por medo, mas não, apenas se afastaram. Um corpo jogado na areia, eu era isso naquele momento, apenas um monte de carne e ossos, sal e água, caída como folha na praia branca, sentia-me pequeno, menor que um grão da areia que me servia de cama. Um movimento com o olho me revela que ele esta ali, logo ali do lado. Percebo que ele não queria perder por um minuto minhas reações e mesmo sem muita pratica com casos como o meu senti uma habilidade calma para com o assunto, isso me trouxe paz, tudo que precisava no momento. Uns cinco minutos se passaram, vegetava, inalava maresia e transpirava pavor, ele ergue a mão com um crucifixo e me entrega dizendo que aquilo não deveria ter saído do meu peito, percebo que sua fé o empurrou rumo a mim em meio as ondas, meio a correnteza que tanto brincou comigo, que dançou comigo, que mexeu com meu corpo como alguém que se diverte. Mas ele estava certo, não deveria ter tirado a cruz do peito, não deveria ter sido tão insolente, deveria ter pedido permissão para entrar no mar, deveria ter ficado na areia, sentido a maresia de longe, esperando o momento para entrar no mar, esperando o momento certo, devia ter ficado na areia.



Ao amigo Cassiano Iop, por me salvar a vida no dia 28/04/2008 no mar de Copacabana, após a ressaca de uma noite violenta.

Wesley Faria.


quem sabe

Quem sabe um dia um sabiá, assim por acaso e quase sem querer, enquanto passeia pelo molhado descubra algo mais que a primavera. Quem sabe um dia num solar amarelado ou num poente meio sem graça os céus descubram mais que a própria luz. Quem sabe a noite se revele em breu e em cada negrume sintamos um perfume de flor.Quem sabe nesse dia, meio sonho meio real nosso amor se reflita nas estrelas e nos mostre um caminho iluminado em fagulhas bem a frente, percorramos amor meu, percorramos.

Amigo

sinto num passar de anos o sussurro da idade, os ombros caídos como âncoras , o peito cheio e carregado, Um vento me sopra a fronte, sinto uma sutil tempestade, não me queixo como criança pela falta de um amigo, pela falta de amor, pela falta de sorRisos. A que me lembrança me queima as veias, a que digo com mais certeza não é ter um prato a mais, e sim um lugar vazio a mesa.

Oração aos Amigos


Amigos meus, que os anos arrancados de vossas vidas sejam devolvidos em forma de paixões e não só na paixão carnal que consome o mundo, deturpa com suor o corpo que vela pelo amor de verdade, que espera a volta da profundeza amargurada do se fazer amar. Que sejam como a pátria de Vinícius de Moraes, assim como se não fosse pátria.

Que os anos passem devagar, que passem como íntima reforma e vontade de chorar.

Que descubram em cada gota de orvalho um poema que aguarda para ser amparado. Que sorriam amigos meus, assim como eu sorri na vida. 
Que sorriam ao lembrar da primeira canção de ninar que cantaram para suas filhas e filhos, primeiros sorrisos, primeiras noites sem dormir. Que tenham filhos, que beijem seus olhos e descubram que os filhos são extensões de nós mesmos. Que os assistam mudarem de ares, cores, cabelos e sons, que achem isso lindo, que vejam como o tempo brinca com seus cabelos e os moldam a favor da idade.

Amigos meus que alvejam a mocidade tão de leve, aprofundem-se na lama do real e apavorem-se ao descobrir que o bem maior do mundo é se fazer feliz. Vejam as cidades, e quando lá estiverem, percebam como elas iluminam em seus lábaros estrelados e apagam sob a luz do sol.

Andem onde houver espaço, conheçam o Rio, acima de tudo, conheçam o Rio, o Rio pela 
manhã. Falem sobre o que quiserem. Falem, não vos emudeçam. Sintam nostalgia, aquela gostosa lembrança que nos emociona e nos fazem ter vontade de tocá-la. Lembrem-se de que quando estavam a contemplar o poente diziam que seu tempo iria chegar, pois bem, ele chegou!


Evoluam amigos, evoluam.

Cheguem a algum lugar, a fronteiras, a segredos, e sejam seus próprios guias amigos. Descubram, descubram sem melancolia que a vida é um emaranhado de nós, ora firmes ora desleixados e acima de tudo, partam sem medo de voltar, sem remorsos, sem o pavor de cruzar solidões, de viver ao léu. Percebam que a vida não nos arranca os anos, apenas nos ensina que para viver não se pede nada além de se dar por completo. Sejam pomares de paixões, sonetos humildes como canto de mulher que, de tanta graça, nos dá a leveza de sofrer como bobos, sob as muitas luas das esquinas, de sentir o vento no peito e dizer: Eu vivi, eu cruzei caminhos, chorei, errei, mas como os dias, nunca deixei de renascer a cada amanhecer.



Torto e roto, eu vivi. Vivam amigos, descubram o que são e amplo emaranhado de sim e não, de dor e paixão. Esbravejem em alto e bom som, para que até mesmo você possa entender, Esse sou eu! cara a cara com a vida, com os sabores!

Enfim amigos meus, morram em paz, se orgulhem de terem percorrido seu caminho e que a cada milímetro do chão tenha uma marca de seu suor. Sejam amigos de vossos amigos, de seus pais, amem seus pais, abracem seus pais, abracem como quem diz adeus, pois nunca se tem certeza da hora do fim.

Sejam meus amigos, pois não suportaria ancorar-me no nada sem porto, amem-se e amem o mundo, assim vivam em paz e morram com alegria.



De repente o sol, de repente a lua os reencontrarão a marcar seus passos sob um pedacinho do céu.
E quando se forem de vez, tornando-se poemas livres e leves, lembrem-se de terem deixado uma pedaço de vocês em cada canto, assim será mais fácil para os que ficam, sejam como forem, santos ou demônios pelo amor de Deus, sejam amigos meus.