quinta-feira, 30 de junho de 2011

Na cauda do vento

Onde estava o vento quando precisei?
onde estava o vento?
E o cometa, riscando o céu com seu brilho enevoado?
onde estava?
Onde estavam os pássaros gorjeando meu lampejo de poema?
onde estavam?
Onde estava o rio a quem supliquei o renovo matinal?
onde estava o rio?

Novamente sou estrela,
novamente sou luar,
novamente sou poema,
pela vida a passar.
Novamente me pego me esvaindo líquido,
Sob os raios do sol,
novamente me recolho sob as notas miúdas do canto do rouxinol.

Vez em quando me pego voando baixo enquanto escrevo
Mesmo sem saber se devo, me atrevo,
Num dia de desalento,
Vôo pra longe daqui,
Pego carona ligeiro,
Com direito a um só passageiro, no canto do colibrí.

Meu coração viajante,
Que na vida está sempre adiante,
rumando sem direção.
Num dia de desalento,
Eu a viola e o tempo,
voamos pra o alto mais alto,
sentados na cauda do vento.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estrada...


Pobre estrada que espera passos pra ser caminho, pobrezinha
Que não sabe que por si só já é passagem.
Pobre estrada que precisa ouvir o som dos que passam para sentir-se útil, pobrezinha.
Pobre dela, não sabe que é dela de quem precisam, é nela onde se depositam os sonhos apressados dos que correm suas vidas, onde caem os suores dos que mastigam suas horas e minutos, nela estão fincados os pés dos passantes, é o meio para se chegar, todos sentem, todos vêem, só ela não sabe.

Calma

As vezes acho que a calma que sinto é uma vontade reprimida, que de tão grande não cabe em mim e me paralisa por fora. Porém é por dentro que sinto um fluxo constante e inquieto que me faz explodir aos poucos em poesia. Essa mesma poesia me toma como uma doença toma sua vítima, por mais que pense em me livrar dela, até meus pensamentos são em forma de poemas.

Dou graças por terem inventado a caneta e o papel, assim não morro de implosão.