quinta-feira, 22 de dezembro de 2011



Arte Noturna
Wesley Faria



A tela me chama, eu respondo,
A imagem me pede para que a pinte, eu a atendo,
Vou, sem pestanejar, sem saber ao certo o que ela quer me contar,
Vou, pinceis e mente apostos, vou, simples e presteiro me vou,
Me entrego à ela, me apaixono, me encanto, a violo e ela a mim.

A tela não mais é prancha de trabalho, é paixão e como toda paixão é atalho,
É quem sempre amei e finalmente me retornou uma ligação,
É o sorriso de minha mãe que me cantarola uma canção,
É minha filha e é meu irmão,
A tela é espaço, imensidão,
No qual me encontro sem precisar me perder,
Me perco, sem precisar me encontrar,
Vai ver que eu nunca me achei,
Vai ver que foi ela quem me achou,
E com suas mãos suaves e gentis,
Me fez um gesto sutil como quem diz:
“vem”
E eu fui,
Aqui estou, nu, diante do mundo,
Nu, paralisado e mudo,
Com as cores de mim,
Trajado de ti,
Antes de ti, um cheio do nulo na ilusão do nada,
Depois, um nulo cheio de nada ao redor de nós,
Agora, todo minuto é um minuto a sós.

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