terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
O Poeta das ruas.
O Poeta das ruas.
Thati Ane Ribas e Wesley Faria
Seu dotô, eu bem que tento
imita os meus irmão
que me olham ao relento
como um bicho caído no chão.
Mas eu digo, seu dotô,
por mais estranho que pareça,
De bicho, peludo e pulguento,
sou mesmo só na sua cabeça.
Seu dotô, eu bem que tento
imitá os meus avó, meus pai,
eles me oia esquisito
só pruquê de poesia eu gosto,
só pruquê eu num vejo no peixe
só mais um de cumê prus prato
só pruquê eu vejo no peixe
é vida viva e languidão
só pruquê o caldo que eu vejo na cana
é mais que suco de matá sede e fome,
é suco de criação.
É quando o homem tem fome e lhe dão um prato feito,
isso pra mim é perder o direito de fazer arte pelo pão,
com verso, cores e dança, o faminto vira criança,
o jornal de anteontem vira capa de herói,
e o pé sujo de terra, vira bota de cowboy.
Ah, seu dotô, vê que lindo,
quando a chuva molha nóis na rua,
é um dia de alegria
que deixa a poesia nua.
Viro verso ensopado
feito sopa de letrinha
na poça da calçada limpinha
Onde meu pé deixou seu recado.
Seu dotô, o meu pobrema
é imitá meus irmão,
que acha que a vida é feita de matá fome e sede
de corpo.
Pra eles a alma tá pronta,
nem precisa alimentá.
Seu dotô, acho que o pobrema
tá mesmo é nos meus irmão.
Que tem mão pra trabaiá,
mas tem medo de tê calo,
que tem pé pra caminhar,
mas só anda é de carro,
Seu dotô, agora diz,
que mal que foi que eu fiz?
se eu penso em ser artista
desses com figurino e pintura
feito mambembe rodando,
ouvindo gritar "bravura"?
Ou então só mesmo as palma,
é que alimentam minha alma?
Seu dotô, que pobrema eu tenho,
seu eu gosto mesmo é dos calo,
é do suor no rosto, é dos meus pés rachado?
Se eu gosto é de andar no mundo
pra ver se um dia eu acho,
o tal do "outro lado"
que tanto ouço falá
então eu me vou, seu dotô,
de cena em cena,
de quadro a quadro,
de calo a calo,
de pena a pena.
Eu vou por aí, seu dotô...
Tem medo não,
que o mundo é bão.
Mas só alembra de uma coisa,
quando passar e me ver,
deitado esperando alguém passar:
lembra que um dia fui eu quem decidiu ir pra lá,
ouvir os galo cantá,
oiá os rio correr,
andá com as pernas pro ar.
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