quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ave negra.
W.Faria

Sempre que a tarde finda,
No romper do horizonte,
O sol morre além do monte,
Como soldado alvejado.
Deixa seu rastro de sangue-sol no céu por todo o lado,
Quando cai, num vida-semvida oscilado,
Atrai homens sós, casais aos nós e mãos dadas por tras.

O cheiro da queda do astro atrai a ave negra,
Que não é de rapina,
Traz o tom e o traquejo que a vida ensina,
Voando e saltando por lá,
É uma ave volteada,
Que lembra o tom da madrugada e se alimenta do que há.
Uma ave assim tão antiga,
Pode ser avó ou tia do avô do sabiá,
Dizem que até cristo quando andava na terra,
Reparando toda a guerra depois q o homem cruzou o mar,
Esse bicho já voava, num pousa-pula sem par.

A ave avó-das-aves que é membro da criação,
Deveria ter barba branca como as nuvens que sombreiam o chão,
Para lembrar que desde que o mundo é mundo sempre existiu o segundo,
o primeiro e o ateu,
O segundo guia a morte,
Cruza os campos e engana a sorte,
O primeiro se faz no sol na vida em grande lote,
E o ateu existe para lembrar a cada ser vivente,
Que mesmo o sol, cavalheiro elegante,
Morre a míngua na batalha do grande fronte,
Se não acreditarmos, não rirmos e não chorarmos,
Se não tivermos certeza, sem a mínima delicadeza,
Que existe um outro lado do monte.

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