segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Flor Violeta


Acho que não vi direito, parecia estrela, parecia mulher, parecia uma flor beirando o rio,
Não sei se consegui enxergar a cena, acho que não vi direito,
Não sei se era claro ou escuro, da paisagem nem me lembro mais, só lembro da flor violeta que dançava com os vendavais

Acho que não vi direito, devia estar delirando, uma flor violeta bailando,
tal qual bailarina a se apresentar
não sei se é flor ou gente, a luz piscou de repente e logo comecei a falar
-Linda! Linda! e tudo se fez num relance
num delicado carinho distante
da bela flor a bailar

Será possível uma flor com rosto de gente surgir assim de repente e lancar risadas no vendaval?
uma flor linda e rasteira, como um amor sem eira nem beira, me fez até passar mal
mas calma, eu ja sou suspeito, nem de afeto escrevo mais,
é ela a flor do meu afeto, que com aquele tom predileto, bailava nos temporais.
confesso, me entrego e não nego, da cena tirei proveito,
mesmo não vendo direito.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Eu do Mato
W.Faria

Gosto mesmo é de comer amora, goiaba e comer jamelão.
Rir um riso frouxo com os lábios roxos em profusão.

Gosto de andar descalço, leve, solto feito bicho, feito flor,
feito o morro que ninguém alcança.

Gosto é de nadar no rio, sentir o friozinho gelar a nuca,
caçar rolinha, roçar a relva e me vestir de flores e cipós.

Gosto do gosto de mel, não o enlatado, esse não me agrada não,
gosto do mel natural, aquele que é difícil de pegar e dá mais prazer em comer.

Gosto do cheiro do vale,
do canto do sanhaço, gosto de celebrar a vida ao léo, sob as estrelas
Sobre o topo brilhante do morro ao longe.

Por fim, gosto de ser a melodia do vento e sussurrar meu nome por onde passo,
assim, deixo um pedaço de mim por aí, pelo mundo e me torno ser sem dimensão,
difuso no ar, caído na grama e cheirando a jasmim, sou mais feliz assim.



segunda-feira, 14 de setembro de 2009





































Convidado

Não se zangue, já é tarde
a sala está tão grande sem vc
As revistas, bagunçadas
estão do jeito q vc deixou.
E a caneta, abandonada,
Espera por um novo trovador
Tudo aqui tem seu jeito, seu sorriso
Seu afeto, seu silência faz da sala um imenso corredor,
De lembranças, cicatrizes, da história que se foi e a que ficou.
O domingo a tarde, os acordes entoados
Nosso jeito de viver com menos dor
Nossa fuga do passado, nosso sonho mora ao lado
E sonhar não é pecado, não senhor.

No vazio deve ter algum lugar,
Onde eu vá e onde possa encontrar,
O irmão que nunca tive,
Minha imagem feito cópia a me esperar.

Põe um prato a mais na mesa e retira o da tristeza,
essa noite meu amigo vem jantar.

Homenagem ao amigo Maicon, pelos devaneios e sonhos compartilhados.

O Sabiá

Da janela entra um vento gelado, a luz do dia se foi a pouco, restamos a xícara de café, o Sabiá, cantarolado suavemente pelo Tom nas pequenas caixinhas de som do escritório, e eu, absorvendo toda a poesia dessa cena maravilhosa. Como eu queria ter escrito o Sabiá.

domingo, 6 de setembro de 2009

Sobre os domingos

Existe uma coisa inexplicável nos domingos, uma imagem um tanto quanto pálida, um tanto quanto melancólica, ela meio que se esconde pelos cantos. Mesmo em tardes ensolaradas existe uma certa coisa que ainda tento entender.

Hoje, domingo, 13:19, a chuva sussurra suaves melodias semitonadas por cima dos telhados. Me encanta o jeito com o qual a água explode suas gotas sobre a textura árida do chão de asfalto, e ao tocar o chão se torna particulas que enevoam a cidade.

O Domingo tem um doce aspecto de fotografia de criança, na qual estão reunidos entes e amigos, dos quais sentimos uma saudade terna. O sábado não tem a magia do domingo, a segunda também não, todos os outros dias possuem alma, sexta-feira, quinta e quarta, porém o domingo guarda em seu peito um emaranhado de razões para não se sair de casa e à uma delas nos entregamos ou certamente nos entregaremos um dia, é só questão de tempo.


Domingo é domingo e hoje me rendo à ele.