Minha gira.
Wesley Faria
Minha gira está dentro do meu peito,
Meu congá é meu coração,
Meu luar é minha vela,
Meu santo é minha mão.
Saravá ao peito meu,
Quer salvar o peito seu,
E assim na encruzilhada,
Água benta batizada,
o meu peito saravou,
o seu congá que já girou.
Atabaque é som de passo,
passo dado já não volta,
Corre a gira no meu peito,
Firma o sonho, vem e não não solta,
Que a gira precisa girar,
a roda precisa rodar,
a vela precisa queimar,
saravá peito meu, saravá.
sábado, 7 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Companheira de mim
Wesley Faria
Um detalhe de sol na cortina,
Uma cena com pouca cor,
Uma música, uma lágrima,
Antes do sol se por.
Me entrego a mim mesma,
Me escuto, me entendo,
Sinto os pés aquecidos
Pelos sonhos, pelo chão,
sinto o toque do novo pensar,
Em um sentimento de verão.
Se lembra de quando caminhávamos sem medo?
se lembra de quando começou a ter medo?
se lembra de quando dançava no jardim?
se lembra ? se lembra de mim?
Um detalhe de renda
No vestido daquela mulher,
Sorriso vestido de renda
No detalhe de quem vier,
pinto na cena uma cor,
pinto um sol em mim,
me visto de luz e vou,
de mãos dadas à mim.
Para a amiga Talita Mazza Ribeiro com um desejo enorme de que ela se encontre com ela mesma e lembre-se de quando os sonhos eram a lei. Muita Luz!
Sou Além.
Wesley Faria
Sou gota, sou trovão, sou vento forte e tufão,
Sou a letra da poesia, melodia e o refrão,
Sou a testa molhada de chuva,
Sou a linha da palma da mão.
Vela e santo, corre a gira
Firma o ponto da canção,
Sou o verbo, sou a carne,
Sou além da solidão.
Sou seu passo e tropeço,
Sou o cansaço e o recomeço,
Sou o mapa, sou o rio,
Sou a lei que desafio,
Sou algema, sou vazio,
Pé na terra, sou grilhão,
Sou a mão que rompe correntes,
Sou além da solidão.
Sou quem faz a tábua da lei,
Sou a coroa, sou o rei,
Sou a plebe sou a ruga,
Cruz de fogo da qual me libertei,
Sou quem tece a própria teia,
E quem bebe da própria veia,
Sou além da solidão.
Sou além, sou quem vem,
sou sereno, sou o hoje que se perde escorrendo,
Se esvaindo por entre os dedos,
Sou os dedos da tua mão,
Que guarda em segredo,
O meu medo da multidão.
domingo, 1 de abril de 2012
A Baiana
Wesley Faria
Ó paísso, vê se eu posso cuela?
Tem cheirinho de erva doce salpicada com canela
Ó paísso maínha, passo leve de rainha,
Quando chega não anuncia,
Não conhece campainha?
Vem de leve, requebrante,
Cria o verso num instante
Não desperdiça uma linha.
Ó paísso mainha,
Tem jeito com essa baiana?
Mistura o sol com o céu,
Ela pensa que me engana,
Fazendo do meu chapéu
Uma pequena choupana.
Visse mainha? o sol escorreu em um raio,
Rasgou a bainha do tempo,
Caiu feito um leve desmaio,
Tocou de relance o mar,
Ergueu um solfejo no ar,
E deitou-se para esperar o luar.
Ah mainha que lindo que é,
O cheiro que fica no ar,
Quando eu ouço o seu pé,
Sambando pras bandas de cá.
Ó paisso mainha, ó paísso!
Se a rua do pelouro padece,
Logo ela, a baiana aparece,
Se enfeita todinha de fita
Pra deixar a cidade mais viva,
Aí todo dia vira dia de estréia Painho,
Pra quem tá pertinho da Deia.
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Para Deia Pereira com poemas e um cheiro!
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