O verbo e a carne
Wesley Faria
Entre o verbo e a carne existe o homem,
Que rasga a terra em busca do espaço,
Que rasga o negro do espaço em busca de terra,
Que enterra o passado em busca do hoje,
Que se esquece do hoje em busca do amanhã.
Entre o verbo e a carne existe o homem,
Que se derrota em busca de vitória,
Vitória, vitória plena, plena luz de outrora,
Luz, luz de agora, se esvaindo pela fresta da porta,
Porta, porta de ferro, porta-fé.
Entre o verbo e a carne existe o homem, o deus do agora,
O agora são as linhas do tempo na palma da mão,
O agora são as linhas, oração às linhas inimigas,
Oração de fim de noite quando o sono não vem,
E o sono vai e vem feito estrelas caídas pintando de novo o velho céu,
Pintando de noivo o homem frente ao véu da noite,
Você viu? a novidade passageira que cruzou o teto?
E como todo passageiro tem seu destino certo, você viu?
Entre o verbo e a carne existe aquilo que quero e o que não quero,
Existe a mentira e a verdade, a figura e a vaidade,
A mentira é o padre na hora de extremulsão,
Verdade é tudo que nos prende ao chão.
Entre o verbo e a carne prefiro aquilo que não vejo,
Pois aquilo que vejo não precisa do meu desejo.
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