quinta-feira, 29 de março de 2012
Saravá
Wesley Faria
Já vejo as cores da terra
Já sinto o cheiro do ar,
Ateia fogo a candeia,
A vela de iluminar.
Escuta, é a sereia
Que canta no alto mar
Se esconde debaixo da noite
escolhe se é riso ou açoite
Pois quem vai pra boca das águas
pode não mais voltar.
Já vejo as cores da terra
Já vejo o o brilho no olho
Saravá a vida que passa
Saravá minha mãe, Saravá.
domingo, 25 de março de 2012
OLHAR DE ESTRELA.
OLHAR DE ESTRELA.
W.Faria
Lá de cima, espiando,
como a senhora que espia pela fresta
A procissão passando,
E a acompanha a passo lento,
Feito folha ao vento,
O ir e vir da fila de sonhos,
Caminhando pelo oco do tempo,
Lá de cima, no cantinho do céu,
Onde o olho mal alcança,
A estrela, brincando no véu,
feito criança.
Viu o fogo no céu?
E o trovão? ouviu?
e eu pequeno daqui debaixo,
com olhar perdido no espaço,
contando estrelas que passam por mim,
E desenham no céu um novelo de linhas amarelas,
parecem velas, parecem telas.
Lá de cima, espiando,
Uma menina com vestido de flor,
sonhando, sonhando,
Sonhando com seu amor.
**para Clarisse Melo com amor e carinho! um poema para sua parede!!*
sexta-feira, 23 de março de 2012
A Procissão
W.Faria
Lá, encravada na palma da mão,
Entalhando a alma no chão,
vejo o vento tocar o rosto,
da velha na procissão
Lá, rugas e suores,
penas e cantares,
fitas e velas,
Pés no chão e seus pesares.
Calçando os pés de lama,
pintando um mundo sem telas.
Vê,
vê como se move de maneira líquida,
vê como acompanha o caminhar,
como contento por um alguidar,
Rasgando o mundo a cada passo que dá.
A procissão a serpentear no oco do chão.
Vê o olho que lacrimeja?
guardando a velha lágrima de estimação?
O caminho, a pausa e a ladainha,
é a jornada seca encravada na palma da tua mão, tem medo não, tem medo não.
Para a amiga Gabi Buarque, com os braços abertos para uma poética amizade.
quarta-feira, 21 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
O Tempo
Wesley Faria
E Deus, cansado de brincar no escuro,
Disse, "Que aconteça o tempo"
para que minha criação não durma ao relento,
E de invento em invento,
Foi criado o pai de cada elemento, o Tempo.
A lona negra do céu,
Cintilada por fagulhas,
Trazia presa em seu véu,
Desenhos de curiosas figuras,
Passos largos, cuidadosas,
Eram homens e mulheres,
Bicho novo e apaziguado,
E o tempo os cobria a pele,
Feito o velho paletó aposentado.
E para não se sentir sozinho Deus criou o amor,
Que era para ter vida e luz, no caminho por onde for,
Amor, como retirante que tange boiada,
Vem lento e iluminado feito o chegar da alvorada.
Ele veio e ganhou espaço, o amor era seu mais forte laço.
E Deus sentiu que o amor precisava de um ser irmão,
Criou e testou tudo que pode,
Até que acertou na mão,
Criou o peito e no peito, colocou o coração,
O local ficou tão belo, com cortinas e varanda,
Que o amor não mais saiu e por hoje ainda anda,
Fazendo café e bolo, pintando a casa de douro,
Vivendo feliz e florido,
Deus em sua meninice,
Pode ter criado tudo e se ido,
Mas o amor fica,
E só é amor quando é bem vivido,
Mesmo depois da morte, se bem vivido foi,
Não existe quem no mundo pode,
Fechar a estrada por onde foi,,
Estrada que ele mesmo abriu,
Se embrenhou e depois sumiu,
Rangendo num carro de boi.
domingo, 18 de março de 2012
Salve Zé
Wesley Faria
Lá, encravado na mão do Zé,
Os pregos do tempo, a força da fé
Pequenos se erguendo ao sol,
E o sol, que esculpe sua arte no suor,
Faz brotar um estandarte ainda maior
Certeza inconformada, tal qual
Boiadeiro tangendo a boiada
Grita "Vem!" e sem lampejo ou sombra fria
Faz surgir a iluminada poesia
Vê, ao longe, um anjo com sorriso no rosto,
Vê, ao longe, um sorriso que acaba de ser posto,
Posto à mesa, lado a lado
Posto ao sol, o mestre alado
Lá, encravado na terra seca,
A raiz que se alimenta da arte,
Raiz em brasa, sonho que arde
Nem mesmo o tempo faz com que
As lágrimas evaporem
Lágrimas, filhas da saudade
Pois são as lágrimas que geram
Poesias de verdade.
Salve Zé!
Wesley Faria
Lá, encravado na mão do Zé,
Os pregos do tempo, a força da fé
Pequenos se erguendo ao sol,
E o sol, que esculpe sua arte no suor,
Faz brotar um estandarte ainda maior
Certeza inconformada, tal qual
Boiadeiro tangendo a boiada
Grita "Vem!" e sem lampejo ou sombra fria
Faz surgir a iluminada poesia
Vê, ao longe, um anjo com sorriso no rosto,
Vê, ao longe, um sorriso que acaba de ser posto,
Posto à mesa, lado a lado
Posto ao sol, o mestre alado
Lá, encravado na terra seca,
A raiz que se alimenta da arte,
Raiz em brasa, sonho que arde
Nem mesmo o tempo faz com que
As lágrimas evaporem
Lágrimas, filhas da saudade
Pois são as lágrimas que geram
Poesias de verdade.
Salve Zé!
A luz de Luiza.
W.Faria
Luz-Morena que rasga a praia,
Feito faca ou navalhada,
Pisa leve na areia
E pelo sol é desenhada,
Sorriso largo no rosto
E o rosto entregue ao vento,
O mar lavando sua alma
E o dia morrendo em relento.
Grão de areia sobre a rocha
Sonho d'água sobre o mar,
A flor da praia desabrocha
Qual sereia aprendendo a nadar.
Luz-morena,
Que caminha pelo mundo de meu Deus,
Luz-morena,
Que me avisa que os passos dos pescadores,
W.Faria
Luz-Morena que rasga a praia,
Feito faca ou navalhada,
Pisa leve na areia
E pelo sol é desenhada,
Sorriso largo no rosto
E o rosto entregue ao vento,
O mar lavando sua alma
E o dia morrendo em relento.
Grão de areia sobre a rocha
Sonho d'água sobre o mar,
A flor da praia desabrocha
Qual sereia aprendendo a nadar.
Luz-morena,
Que caminha pelo mundo de meu Deus,
Luz-morena,
Que me avisa que os passos dos pescadores,
Agora são os seus como são seus os amores.
sábado, 17 de março de 2012
O verbo e a carne
Wesley Faria
Entre o verbo e a carne existe o homem,
Que rasga a terra em busca do espaço,
Que rasga o negro do espaço em busca de terra,
Que enterra o passado em busca do hoje,
Que se esquece do hoje em busca do amanhã.
Entre o verbo e a carne existe o homem,
Que se derrota em busca de vitória,
Vitória, vitória plena, plena luz de outrora,
Luz, luz de agora, se esvaindo pela fresta da porta,
Porta, porta de ferro, porta-fé.
Entre o verbo e a carne existe o homem, o deus do agora,
O agora são as linhas do tempo na palma da mão,
O agora são as linhas, oração às linhas inimigas,
Oração de fim de noite quando o sono não vem,
E o sono vai e vem feito estrelas caídas pintando de novo o velho céu,
Pintando de noivo o homem frente ao véu da noite,
Você viu? a novidade passageira que cruzou o teto?
E como todo passageiro tem seu destino certo, você viu?
Entre o verbo e a carne existe aquilo que quero e o que não quero,
Existe a mentira e a verdade, a figura e a vaidade,
A mentira é o padre na hora de extremulsão,
Verdade é tudo que nos prende ao chão.
Entre o verbo e a carne prefiro aquilo que não vejo,
Pois aquilo que vejo não precisa do meu desejo.
Wesley Faria
Entre o verbo e a carne existe o homem,
Que rasga a terra em busca do espaço,
Que rasga o negro do espaço em busca de terra,
Que enterra o passado em busca do hoje,
Que se esquece do hoje em busca do amanhã.
Entre o verbo e a carne existe o homem,
Que se derrota em busca de vitória,
Vitória, vitória plena, plena luz de outrora,
Luz, luz de agora, se esvaindo pela fresta da porta,
Porta, porta de ferro, porta-fé.
Entre o verbo e a carne existe o homem, o deus do agora,
O agora são as linhas do tempo na palma da mão,
O agora são as linhas, oração às linhas inimigas,
Oração de fim de noite quando o sono não vem,
E o sono vai e vem feito estrelas caídas pintando de novo o velho céu,
Pintando de noivo o homem frente ao véu da noite,
Você viu? a novidade passageira que cruzou o teto?
E como todo passageiro tem seu destino certo, você viu?
Entre o verbo e a carne existe aquilo que quero e o que não quero,
Existe a mentira e a verdade, a figura e a vaidade,
A mentira é o padre na hora de extremulsão,
Verdade é tudo que nos prende ao chão.
Entre o verbo e a carne prefiro aquilo que não vejo,
Pois aquilo que vejo não precisa do meu desejo.
terça-feira, 6 de março de 2012
Circo de deus.
Wesley Faria
Debaixo do céu faiscante do trovão,
Na melodia da noite,
No balé das nebulosas,
Róseas como recém nascidos que aprendem a respirar,
No ar frio da escuridão,
O circo noturno com estrelas penduradas na lona esticada no chão.
As acrobacias dos cometas que cruzavam por sobre a platéia,
Deixando cair pedidos e pesares em pleno dia de estréia,
Nessa cena sombria cravejada de brilhantes,
Se criou o primeiro espetáculo, um circo itinerante,
Por um fetiche divino um circo de retirantes.
Malabares flamejantes cortavam o teto itinerante do show,
e os passos da bailarina celeste fazia palco de onde passava,
Inverno, verão, temporada.
"Respeitável Público" o criador gritava,
Enquanto da lama do mangue seu filho iluminado,
"venham ver, venham ver meu filho pródigo"
Falava meio cabreiro,
Pelo bicho recém criado.
A neblina pintava a lona, a lona cobria o dia
o dia caiu em coma, com o nascimento da poesia
E deus se foi no balanço, indo e vindo sem pensar,
sorria feito criança, no circo noturno, a soluçar
Seus dias ficaram pálidos quando o homem pôs a gravata
e os sorrisos ficaram densos, mais densos que o vapor de lata,
bem mais quentes que a luz do olofote santo.
Foi quando deus cobriu com o seu manto,
O circo que havia criado e o homem de bicho santo,
Ficou qual riso de palhaço, riso solto, caindo por onde passa,
Mas servindo de armadura para a angústia que não desata.
E deus fechou o circo e o show foi cancelado
Pois o homem colocou preço no ingresso que era dado,
Hoje o circo está de luto, pois não circo amordaçado,
E o céu de melodia não pode mais ser escutado.
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