domingo, 25 de outubro de 2009

Já corri demais

Da janela posso ver o poente, que nunca toco.
Pela porta passam os vultos dos sonhos antigos, que não mais irão voltar.

E debaixo da macieira uma velha, sentada e sorridente, com um cesto de maçãs podres nas mãos, em cada maçã um sonho, em cada sonho um odor diferente.

Os pés só caminham mais dez ou vinte passos, nada mais de quilômetros, eu já corri demais e agora quero sentar e descansar, mesmo que a única coisa que tenha para comer sejam essas maçãs...podres.



Para minha avó distrímica.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mar Morto

Não vi o sol essa manhã, seu brilho não refletiu nas ãguas do mar como um vulcão prestes a explodir sua luz na'reia. Não vi as ondas, com voracidade, lamberem a praia.Não ví sequer um surfista beira mar fazer sinal da cruz, não ví. Nem gaivotas nem estrelas-do-mar ou velhinhas se banharem com seus maios cheios de flores, nem velhinhos na cadeira mirando o horizonte. Não ví tatuagens, nem biquinis pequeninos tapando o que se quer mostrar. Não ví.
Vi apenas uma inércia marítma cheia daquela nostalgia que fazem os escritores se inspirarem. Hoje pela manhã, o mar estava morto.

domingo, 4 de outubro de 2009

Quem volta do mar

Num canto de Iara percebo a mudança das ondas,
A lestada forte que renoa o negrume das águas.
Os pescadores que se entrelaçam com a neblina
E a neblina que definha lentamente rumo a praia.
O perfume suave da manhã que começa tomar o cais
Num turvo amanhecer que se despe para o dia vestido de sol
O negrume, agora pardo, se transforma num verde água apaixonante.

O mar e o dia parecem sorrir,
Vejo calcanhares molhados,
Pescadores contam suas piadas no bar mais próximo
Mas logo vão pra casa
abraçar suas esposas, flores morenas, louras, multicores,
Que aguardam para ouvir da noite na lida,
Logo vão conversar com Deus,
Olhar nos olhos de suas filhas e abracá-las.

Tomar um café e afagar seus cães.Logo irão dormir.
E tão logo o mar os tomarão novamente e, sutilmente, se vesitirão com a turva e doce neblina, neblina que vem, languidamente, apagará o colorido do mar, dos barcos. Por fim tomará seus corpos descansados mais uma vez, mais uma noite
até que um dia, não mais havendo surpresa, ninguém mais volte da boca da noite.