sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Deriva. W.faria
   
Naquele momento nao existiu o tempo,na verdade era como se ele nunca tivesse existido, sujeito impiedoso e petulante esse tal de tempo. 
Naquele momento os olhos estavam fechados e as maos lentamente se soltavam, se iam e se iam num ir languido e singelo, como se fosse preciso delicadeza para expressar uma partida.
Naquele momento todas as oraçoes do mundo nao foram capazes de formular uma só frase, uma só palavra! 
Naquele momento,que duraram quatorze anos contados por mim mesmo enquanto ouvia seus passos caminhando rumo a escadaria. 
Ela se perdia de vista a cada novo som e eu que sempre tive à pena a postos nao a saquei qual carabina e disparei.Naquele momento o cheiro da tabacaria da esquina se fez mais presente do que nunca, como que me convidando para entrar e pousar em meio a fumaça densa de charutos e palheiros.
Naquele momento entendi o peso da frase "olhos de ressaca" aos quais o poeta se referia ao falar sobre Capitu, olhos de maremoto.Naquele momento e ate agora eu fui e sou apenas um marujo a deriva.

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